Mais uma vez a série “Brasil Paralelo” dá um show de ignorância, burrice, malícia, desinformação e mau caratismo.
Para que fique claro o capítulo 3 da série – Marxismo cultural no Brasil que pode ser assistido aqui – se fundamenta em diversos erros crassos em matéria de história e análise política, cujo único fim é desnortear o público sobre a verdadeira natureza da questão que atinge o ocidente e o Brasil, tecendo críticas ao socialismo mas sem desvendar o que lhe dá base e, ainda, orientando, maliciosamente, os espectadores a um liberalismo sutil.
Vamos aos mesmos:
Minuto 4: faz -se uma referência a dialética hegeliana nos seguintes termos:
Vamos aos mesmos:
Minuto 4: faz -se uma referência a dialética hegeliana nos seguintes termos:
(...) o homem vê o mar e intelectualmente ele pode imaginar que a água está fria ou quente; daí ele considera os riscos e benefícios de entrar nele e disso nasce a dialética histórica de Hegel.
Sejam sinceros, senhores: algum de vocês já leu uma descrição tão grotesca da dialética de Hegel? Não, tampouco nós!
A dialética hegeliana tem relação com a razão negativa. O conceito de gato inclui o “não gato”, o ser inclui o “não ser”, a oposição, o contrário. As coisas, para Hegel, são e não são ao mesmo tempo, desde um ponto de vista conceitual. Só podemos conceber um ser a partir, também, do que ele não é. Temos aí uma dialética das idéias e, na história, estas idéias são o fundo do movimento temporal. Um exemplo: Napoleão pensava em termos de expansão das teses de liberdade da revolução francesa. Ele derrubou tronos mas ao custo de impor, aos povos libertos deles, o domínio francês; logo, a liberdade desejada produziu o inverso dela, qual seja, a opressão francesa. Isso trouxe a reação ao poder napoleônico e a derrota de Bonaparte. A tese era a liberdade revolucionária, a antítese a reação absolutista, a síntese, os nacionalismos produzidos pelas invasões napoleônicas: já que é de liberdade que se trata o império napoleônico, então queremos liberdade para nossa pátria sob nossos critérios e não sob os da França, dirão os nacionalistas, levando a história a uma nova etapa fruto do advento de novas idéias.
A descrição do vídeo é completamente sem sentido, não atingindo, nem de perto, o cerne do que é, exatamente, a dialética de Hegel.
Minuto 5: aí se afirma que:
Marx alega que de fato a dialética de Hegel que moveria o mundo é a luta de classes.
Marx jamais disse tal coisa. Marx sabia que a dialética de Hegel não envolvia classes mas as idéias, que seriam a base do movimento histórico. Marx inverte a dialética hegeliana e a lhe dá um novo acento: ele conceberá a mesma sob o signo do movimento ou do processo da matéria; as idéias são fruto das condições econômicas. Já Hegel considerava a dialética independente das condições materiais.
Minuto 5: fala-se de Moses Hess como patrono de Marx mas nada sob sua condição judaica!
Como sempre a olavosfera esconde, propositalmente, o fundo judaico do marxismo. Sobre Moses cabe dizer que foi pai do sionismo e que, antes mesmo de Marx, já vinha teorizando sobre utopia revolucionária com base no messianismo judeu, onde, inclusive, considerava que o sucesso de um movimento proletário e socialista só seria possível com a adesão dos judeus e em cima de uma ideologia fundada em Spinoza – filósofo judeu que foi um dos pais do iluminismo e que via a humanidade caminhando rumo a um novo Éden de liberdade e igualdade.
O Brasil Paralelo simplesmente esconde o fundo ideológico judaico do marxismo. Recordemos o que diz Paul Johnson sobre Marx e o judaísmo em sua obra “História dos Judeus”, páginas 359-360:
Sua maneira de ver a história, como uma força positiva e dinâmica na sociedade humana, governada por leis férreas, uma Torá de ateu, é profundamente judaica. Seu milênio comunista se arraiga...no messianismo judaico. Sua idéia de domínio é a de um catedocrata. O controle da revolução ficaria nas mãos da inteligentsia de elite, que tinha estudado os textos, compreendido as leis da história. Eles formariam o que ele chamava de gerência, o diretório. O proletariado, “os homens se substância”, eram apenas o meio, que devia obedecer...a metodologia de Marx era inteiramente rabínica…a teoria de Marx de como a história, a classe e a produção funcionam...não é diversa da teoria luriânica cabalista da idade messiânica, em especial tal como emendada por Natan de Gaza.
Minuto 6: aí se alega que a teoria do valor trabalho de Marx está errada - mas ela não é de Marx e sim de Smith/ Exaltação da escola austríaca.!
O vídeo em questão deixa clara sua opção: importa defender as bobagens da escola austríaca, escola ultraliberal de economia em contraponto ao marxismo. Num outro momento um jornalista deplora o comunismo por ele ser contra a “liberdade” e a “vida”, concebendo, ambos os termos em sentido iluminista (indivíduo como dotado de liberdade absoluta).
O problema é que a teoria do valor-trabalho não é de Marx mas de um liberal, qual seja, Adam Smith. Ora, Smith assevera que o valor de algo indica o trabalho necessário para obtê-lo. Menger e a escola austríaca admitem que uma coisa pode dar muito trabalho para produzir e mesmo assim não valer nada. Para os austríacos algo só vale se alguém quiser comprá-lo. Entretanto, a pretensa dicotomia entre a tese de Smith e o desejo do consumidor para obter um produto como base real do valor, é uma falsa premissa. Nenhum produtor se dará ao trabalho de produzir uma mercadoria que não seja demandada pelos consumidores. Isto indica que nenhum produtor está disposto a fabricar o que ninguém quer. O trabalho só é ofertado se é demandado.
A teoria de valor na utilidade marginal de Menger, diz que a primeira garrafa de água que você tomar terá um valor muito alto. A segundo, com a mesma quantidade de trabalho da primeira, terá um valor inferior. E assim sucessivamente, até chegarmos a última garrafa, após toda sua sede ser saciada, que terá valor zero. Assim o valor independeria do trabalho que uma mercadoria precisou para ser produzida; se ela não tiver utilidade para ninguém, seu valor será igual à zero.
No entanto os “intelectuais” do Brasil Paralelo mal entendem o cerne da questão, tampouco o que Marx realmente disse sobre a questão do valor trabalho. Existe muita confusão do que de fato é a mercadoria segundo Marx. Imbecis austríacos costumam usar exemplos risíveis como: “Se você achar uma maçã caída de uma árvore, seu valor será enorme e a quantidade de trabalho será zero” ou “O ar não tem trabalho e é de enorme valor”. Em Marx, mercadoria é tudo aquilo que tem trabalho e utilidade – Marx escreveu sobre utilidade. Um buraco cavado no chão tem trabalho, mas não tem utilidade. Um buraco inútil não é mercadoria.
Uma fazenda inexplorada, por exemplo, tem valor-de-troca; só o trabalho do homem nela, gerará alimentos úteis. Em outras palavras, a terra só tem valor porque através dela é possível transformar a natureza, produzir mercadorias e trocá-las por valores de uso e isso só através do trabalho. O valor de uma fazenda virgem também tem trabalho: na descoberta, em seu atestado de que ela é produtiva e na sua comercialização. Em outras palavras, a terra virgem precisa ter valor social para ser vendida.
A mercadoria tem uma função, o chamado valor-de-uso, ou seja, água para beber, celular para se comunicar, etc. Porém resumir esta relação ao consumidor final e o produto consumido, seria um erro: é este o erro dos austríacos. Nas sociedades reais há compartilhamento de valores e sensos estéticos. Por exemplo: ao comprar um celular posso, subjetivamente, optar pelo celular com certo design que mais me agrade, mas não posso descartar o valor do celular pois hoje o trabalho e a vida social o exigem, é algo posto de fora e desde cima sobre o indivíduo, um valor objetivo portanto. Evidentemente que um celular que oferece um plano de 2 GB é mais valioso que um que ofereça um de 1GB, e esse valor tem a ver com o trabalho necessário para fornecer o serviço de 2GB, maior que o necessário para fornecer o de 1GB.
Outro erro dos austríacos é considerar que a tese do valor trabalho justifica, imediatamente, o marxismo. Isto é falso pois Marx considerou erroneamente a questão do valor como sendo produzido unicamente pelo proletariado. A doutrina social da Igreja resolveu a questão mostrando que o pólo do trabalho nada pode produzir divorciado do pólo do capital. Enquanto os austríacos fazem o valor derivar, totalmente, do desejo individual subjetivo, o que leva a um consequente relativismo moral – já que o indivíduo produz o valor econômico por que não produz, também, todos os outros? - os marxistas fazem-no derivar apenas da classe trabalhadora esquecidos de que o capital gera os recursos necessários para que mercadoria possa ser fabricada: um agricultor precisa das ferramentas fornecidas pelo capital sem as quais não produzirá nada.
Minuto 7: movimento comunista não está baseado em ideologia diz Olavo;
Mas não é fato que todo comunista acredita em revolução comunista e que isso implica igualitarismo? Que ela passa por luta de classes? "Comunismo é cultura" mas ora cultura não tem idéias de base? Não é possível ligar a ideologia de Marx, Marcuse, Gramsci, etc, a um fundo de idéias comuns?
Olavo é um poço de contradição o que fica evidente quando lemos seu comentário sobre o que é marxismo no artigo A teoria econômica de Lord Keynes e a ideologia triunfante do nosso tempo: “A fusão de uma teoria econômica errada com a nefelibática filosofia da história de Hegel gerou um monstrengo teorético eficaz apenas como misticismo ideológico”. Vejam que o artigo deixa bem claro qual a ideologia triunfante atual, que seria o marxismo, de certo modo presente no keynesianismo. Olavo contra Olavo. Ora o marxismo é ideologia, ora não. Afinal, qual Olavo tem razão?
Minuto 8/9: referência aos jovens russos ligados ao movimento comunista
Em relação a isto precisamos ressaltar que em março de 1881, o Czar foi assassinado por revolucionários judeus; o historiador judeu Simon Dubnow informa que, no mesmo ano que se fundou na Basiléia a organização sionista, em Wilno criou-se uma associação socialista – Bund – que teve um papel importante na propaganda revolucionária entre as massas judias que falavam o ídiche. Do Bund nasceram grupos judeus-russos que participaram das agitações revolucionárias em Moscou no ano de 1905. Para se ter um idéia em 1889 o partido social revolucionário, tinha uma seção terrorista sob controle do judeu Gershuni que foi a responsável pelo assassinato do ministro russo Sipyagin, do duque Serguei e do general Dubrassov, etc.
Minuto 10: Holodomor verdade inquestionável (Leandro Ruschel, empresário de Miami)
A questão do Holodomor não é consensual entre pesquisadores de história, havendo muitas discussões sobre o tema, mas é claro que sub intelectuais, como os do Brasil Paralelo não sabem disso.
Sobre o tema o historiógrafo André Liebich diz que:
Liebich: Apesar do Holodomor ser reconhecido como genocídio por mais de 20 países, os académicos internacionais consideram que este não foi um ato com um intuito de exterminar um povo, pois outros países e outros povos foram, também afetados. Uma ideia, defendida, também, por André Liebich, Professor no Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, Suíça, historiador especialista em países da ex-URSS.
Euronews: O primeiro artigo da lei ucraniana sobre o Holodomor define-o como genocídio do povo ucraniano. É reconhecido como tal em mais de 20 países. No entanto, para muitos, a utilização do termo’‘genocídio” não é o mais adequado. Por quê?
André Liebich: De facto, o termo é mal escolhido. Quando pensamos em genocídio, especialmente no contexto da década de 30, pensamos primeiro no Holocausto. Mas a diferença é que o Holodomor não afetou só o povo ucraniano, afetou também outros povos, no interior da Ucrânia e mesmo fora, como no Cazaquistão e na Rússia. Além disso, o Holocausto foi uma campanha, uma intenção de exterminar um povo, enquanto o Holodomor, se não houvesse milhões de vítimas, o que é indiscutível, não foi planeado com o intuito de erradicar o povo ucraniano. Foi o resultado de uma política desumana e brutal de Estaline, que não hesitou, perante o número de vítimas que iria criar. Mas a sua principal intenção não era eliminar os ucranianos mas realizar o seu programa, custasse o que custasse. Mesmo à custa de milhões de vítimas, especialmente agricultores, que eram, na sua maioria, ucranianos. (In: pt.euronews.com)
Ademais há que dizer o seguinte: nos anos noventa, em resultado da acumulação de novos conhecimentos aprofundou-se o debate sobre a natureza da fome na Ucrânia. Esse debate foi marcado por diferentes interpretações:
1. A "revisionista" que relativiza a dimensão criminal – linha de Stephen Wheatcroft ou de Mark Tauger;
2. A "nacional",que salienta a especificidade genocidária do Holodomor ucraniano - James Mace, de Yuriy Shapoval ou de Nicolas Werth;
Esta é, sem sombra de dúvida, a maior prova da ignorância crassa dos intelectuais do Brasil Paralelo.
O que eram os soviets russos, senão sindicatos que reuniam proletários de São Petersburgo e Moscou?
A Rússia passou, entre meados ao fim do século 19, por um processo de industrialização sob a influência do capital anglo-francês. Isso gerou uma classe operária no país, presente nos grandes centros urbanos.
Isso é tão claro que não precisamos insistir demais para demostrar que tal alegação é pífia.
Minuto 14: a URSS não era a base do movimento comunista mas um órgão dele, diz Olavo.
Faltou, como sempre, dizer quem eram os verdadeiros agentes e pais do comunismo que haviam se servido da URSS.
A participação judaica na revolução russa de 1917 foi notável – havia muitos judeus no alto escalão do Partido Bolchevique. Logo após o triunfo da Revolução, o Partido Comunista criou uma seção dentro de sua organização, a Yevsetskyia, a seção judaica do partido. O objetivo desta organização era mobilizar os judeus do mundo em favor do regime soviético. Após o fim da Segunda Guerra a URSS votou a favor da partilha da Palestina em 1947 e foi o primeiro país a reconhecer o Estado de Israel, acreditando que as lideranças de esquerda (Mapai, por exemplo, de Ben-Gurion) viriam a alinhar-se com a União Soviética contra a influência inglesa na região. A defesa da criação da nação israelense por parte das lideranças soviéticas é explícita. Ademais, a URSS foi o primeiro país a reconhecer Israel, antes mesmos dos EUA, e a pedir troca de embaixadores. As intervenções do embaixador da URSS, Andrei Gromyko, nos debates a respeito da partilha da Palestina foram contundentes:
A delegação da URSS sustenta que a decisão de dividir a Palestina está em consonância com os elevados princípios e objetivos das Nações Unidas. É em consonância com o princípio da autodeterminação nacional dos povos (…) A solução do problema da Palestina com base em uma partição da Palestina em dois estados separados será de profundo significado histórico, pois esta decisão vai atender às demandas legítimas do povo judeu, centenas de milhares, que como vocês sabem, ainda estão sem um país, sem casa, tendo encontrado abrigo temporário apenas em campos especiais em alguns países da Europa ocidental. (…) O fato de que nenhum Estado europeu ocidental tenha sido capaz de garantir a defesa dos direitos elementares do povo judeu, e para protegê-lo contra a violência dos executores fascistas explica as aspirações dos judeus de estabelecer o seu próprio Estado. Seria injusto não levar isso em consideração e negar o direito do povo judeu de realizar esse desejo. Seria injustificável negar esse direito ao povo judeu, especialmente em vista de tudo que sofreu durante a Segunda Guerra Mundial.
O sionismo socialista reinava absoluto na maioria dos partidos nascentes em Israel, ainda que poucos fossem claramente pró-soviéticos.
De fato o comunismo é um movimento que transcende a URSS e que foi, em grande parte, uma organização que vampirizou uma nação em função dos objetivos de uma elite de origens judias. Mas é claro que Olavo jamais vai esclarecer-nos sobre isso.
Quem for minimamente razoável que entenda. O Brasil Paralelo é uma farsa singular.
#Rafael Queiroz
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