Caros, quem frequentou a esfera Olavista sabe que Olavo tem uma teoria sobre os três globalismos. A tese é apontada, pelos discípulos e pelo mestre, como o supra sumo da teoria politica, um rasgo de genialidade do mestre paulista.
Mas será que é mesmo? Nosso objetivo é levantar os problemas sobre a "teoria" dos três globalismos.
Pois vejamos: segundo Olavo existem três poderes globais competindo pelo controle mundial atualmente, quais sejam:
1- O globalismo ocidental: segundo o mesmo ele está ligado as megampresas capitalistas ocidentais e a uma elite política-econômica ocidentalista fabianista que teria, no fundo, o objetivo de dirigir o mundo para um metacapitalismo, ou seja, um capitalismo monopolista sustentado por uma "política socialista" de controle quase total do mercado global em favor dessas mega empresas( no fundo esse processo, segundo Olavo, daria num socialismo).
2- O bloco sino-russo. O governo de Moscou e de Pequim estariam associados para impor um modelo de socialismo ligado a suas elites militares-burocráticas.
3- O Islamismo que, com a sua guerra santa, desejaria provocar o reaparecimento do califado impondo-o mundialmente.
Começamos daqui nossa análise.
É sabido que ao falarmos de poder global estamos nos referindo aquilo que tem condições efetivas de impor políticas a nível mundial; logo a premissa básica de que partirmos é que não pode existir poder global sem que ele seja capaz de influir de modo amplo em todos os setores da sociedade e em todas as partes do planeta. Isso parece-nos básico: um poder global só é mundial se tiver a capacidade de exercer impactos gerais, o que significa que não podem ser apenas regionais, continentais, etc; eles devem ser mundiais.
A pergunta que nos fazemos então é: os três projetos apresentados acima têm efetivo poder mundial? Os três são projetos de poder global competindo entre si? Os três provocam impactos mundiais na mesma escala e do mesmo porte, de modo a podermos dizer que os três estão, cada um a seu modo, produzindo acontecimentos mundiais que favorecem o crescimento do seu plano de dominação?
O primeiro poder global está ligado aquilo que Rotkopf nomeia como "superclasse", ou seja um grupo de pessoas que já não estão mais ligadas a interesses nacionais - pois seus negócios são transnacionais - uma super elite, diferente de todas as elites já existentes mas que, embora transnacional, ainda depende das estruturas nacionais e dos blocos como os EUA e UE enquanto o governo mundial não está devidamente forjado. Essa super elite participa de fóruns, grupos, sociedades secretas, etc, onde organizam:
A - Temas considerados de caráter global; fóruns como Davos, grupos como Bilderberg, são espaços preferenciais para o "debate" desses temas globais depois transformados pela mídia de massa em pautas do dia.
B- Soluções para os problemas globais.
C- Propostas para financiar as soluções.
Embora a super elite encontre dificuldades aqui e ali para implementar a sua visão global e a idéia de que necessitamos de órgãos internacionais para cuidar dos problemas globais, ela tem tido, via de regra, muito sucesso nesse sentido. Recomendo a leitura da obra de Rothkopf, "Superclasse", publicada aqui no Brasil pela Agir, para que o leitor entenda com mais precisão o tema.
O segundo poder global ( Rússia e o governo comunista de Pequim) segundo Olavo estaria consagrado a implantar o comunismo mundial. Aí cabe destacar o relevo que ele dá a Rússia. Para Olavo a Rússia é a grande força desse bloco, Pequim seria um coadjuvante. A Rússia de Putin seria a URSS reencarnada sob nova forma: uma forma eurasiana.
Mas que é eurasianismo? A doutrina eurasiana é bem anterior a Rússia de Putin ou mesmo a Dugin. Ela nasceu nos albores do século 20 e tem relação com pan-eslavismo que era uma ideologia expansionista russa adotada nas ações de Nicolau II, último czar russo. Ademais até mesmo nazistas possuíam uma versão de eurasianismo - o que explica por exemplo o objetivo nazista de conquistar o leste europeu e a Rússia, durante a 2 guerra mundial. Ou seja a trajetória do eurasianismo como doutrina é complexa e repleta de influências. Olavo porem não tem nada que seja parecido com uma teoria que problematize o assunto e que dê ao mesmo um trato científico. Eurasianismo no jargão olavista é palavra de ordem e significa "comunismo" puro e simples.
Então existem vários erros que circulam dentro da Olavosfera sobre o tema; listo aqui alguns:
1- Ignorar que o eurasianismo russo nasceu de uma reação a duas coisas: a modernização russa do fim do século 19 e início do 20 e a revolução de outrubro de 1917; em suma os eurasianos russos do tempo da revolução de outubro repudiaram o leninismo como avesso a natureza da Rússia; embora saudassem a revolução, pois fazia cair um regime que se abriu as influências ocidentalizantes, consideravam que a mesma não trazia a saída mais correta para a construção da pátria;
2- A idéia de identidade russa com base no eurasianismo está mais associada a noção de criação de uma cultura avessa a Europa moderna do que ao comunismo em si mesmo: ademais como conciliar o repúdio a atual Europa social democrata - logo aplicadora de diversos elementos do comunismo no plano social - com adesão ao comunismo bolchevique puro e simples? Quem souber como, por favor explique.
3- Existem correntes políticas na Turquia que se aproximaram da tese eurasiana não por que querem comunismo mas por que querem constituir uma identidade nacional não européia.
4- Eurasianismo deve ser entendido mais à luz da geopolítica que da lógica da guerra fria, mais do conceito de confronto de civilizações que do conceito de conflito entre blocos econômicos.
Em uma: os erros analíticos aqui apontados são os mesmos que os seus alunos repetem como macacos amestrados.
Fica claro, então, que o uso do termo "eurasianismo" nos círculos olavistas não segue um rigor crítico mas apenas a necessidade ideológica do momento: dizer que tudo que se relaciona a Rússia pós 1991 é comunismo.
Que o atual governo russo seja enamorado do eurasianismo não resta dúvida. O que não significa necessariamente que a Rússia esteja buscando um modelo comunista. No mínimo, qualquer afirmação nesse campo exige tempo e maturação para uma análise mais atenta e objetiva. Eu não me aventuraria a dizer isso. Que Olavo o faça - já que não é um cientista político tampouco um filósofo mas tão só um prestidigitador - não nos deixa admirados.
Mas passemos para a questão: é a Rússia, atualmente, um poder global???
Essa afirmação não é possível. Desde 1991 que a Rússia vive num estado de crise; o país tem um arsenal militar antigo, armas do tempo da guerra fria, etc. Alguma modernização foi feita por Putin mas nada que a coloque no mesmo patamar dos últimos avanços técnicos que deram as potências ocidentais da Otan o domínio, por exemplo, dos drones. A Rússia tem um vasto arsenal nuclear mas sabemos que o uso do mesmo inviabilizaria a continuidade da vida na terra; não é preciso insistir na evidência de que a Rússia não teria objetivo de dominar um mundo de esqueletos e cadáveres. Aliás nenhuma potência teria.
No plano da tecnologia da informação - básica atualmente para dominar por meios não aversivos - a Rússia está muito atrás dos americanos e europeus que estão na dianteira da revolução mundial da informática.
No plano interno a Rússia tem problemas graves na Chechênia e no Daguestão.
No plano externo a Rússia vive sob o temor de sanções da ONU. Ultimamente vem sofrendo pressões por causa da Criméia.
No máximo o poder da Rússia agora é apenas regional. Geopoliticamente a Rússia não está em condições de ser comparada com as potências ocidentais nem com os EUA que possuem exércitos e bases militares em vários continentes, porta aviões estacionados em todos os oceanos, etc.
Apresentar a Rússia como "poder global" é mais uma peça de propaganda do sr. Olavo: os fatos não sustentam a alegação. Mas, como todo farsante, Olavo sempre tem uma carta na manga para acusar a Rússia e deixar, por exemplo, de falar da participação de judeus no globalismo ocidental e do papel decisivo da cultura e tradição política americana no mesmo. Para Olavo o poder global russo se explica pela FSB, a antiga KGB, que teria 500 mil agentes pelo mundo a estender, sobretudo no ocidente, a corrupção moral que irá preparar o terreno para o império comunista de Putin. O problema é saber como a FSB tem dinheiro suficiente para sustentar tantos agentes e tantas ações; a Rússia atualmente vive com problemas inflacionários graves mas, segundo Olavo, toda esse financiamento para as ações secretas da FSB viriam da máfia russa;
Quanto a isso é preciso dizer que:
1- Dizer que a máfia russa, a jogatina e o mercado negro de vodka, etc, sustentam as ações da FSB no mundo - ações que segundo o Olavo são imensas, quase infinitas até - é algo que está ligado a comédia e não a algo que se aproxime de jornalismo sério. A não ser que levemos em conta a hipótese – tresloucada, diga-se de passagem - de que a Rússia controla o tráfico internacional de drogas, a jogatina mundial e a prostituição no globo terrestre inteiro, etc. Ainda assim seria preciso explicar como este dinheiro sujo é lavado e, depois, repassado aos órgãos de inteligência russa para financiar a degradação moral generalizada no ocidente, ou como ele simplesmente não é lavado - o que tornaria a hipótese ainda mais rocambolesca dado que dinheiro de prostituição e jogatina seria obtido em diversos países de forma ilegal e teria como destino ações russas sem que nenhum país ou governo conseguisse parar esse dinheiro sujo.
2- É até admissível que uma coisa aqui e outra ali seja fruto de ações da antiga URSS, e quem sabe da Rússia atual. Mas dar a Rússia atual esse poder amplo não faz sentido algum. O sr. Olavo finge não saber que quem tem o poder efetivo de moldar a política global e conduzi-la para onde quer não é a Rússia mas as nações ligadas a NOM, ou seja EUA e países da UE. Esses países sim tem amplos fundos de investimento a seu dispor, bancos internacionais, agências empresariais globais capazes de financiar feminismo, causa LGBT, aborto, etc; basta fazer uma pesquisa e ver quem são os maiores financiadores disso tudo.
3- A década de 90 viu nascer, sob os auspícios dos EUA, a utopia de um mundo global sob a liderança de uma elite global. Só essa elite global tem organização suficiente para ser atualmente uma ameaça. Apresentar a Rússia - por mais que se considere preocupante o projeto imperial da mesma - como grande problema nada mais é que desinformação e distração.
E a pergunta que não quer calar é: e Pequim? Por que o tempo dedicado pelo sr. Olavo ao governo de Pequim é tão pequenino??? A Rússia não é mais governada pelo PCURSS mas Pequim ainda o é pelo PCC de Mao. No entanto, a Rússia é apresentada como grande vilã enquanto da China pouco ou nada se fala. Talvez esse certo silêncio se explique pelo fato de que Pequim viva a fazer negócios vultosos com Washington e pelo fato de que Olavo seja um rádio repetidor da opinião do partido republicano e dos interesses dos EUA no Brasil.
Para compreender tudo isso é necessário devassar a forma mentis olavista, que não difere muito da comunista. Comunistas enxergam fascistas em todo lugar. Olavistas enxergam comunistas em todo lugar. As ideologias costumam fracionar a realidade. Umas explicam tudo pelo econômico, ignorando o cultural, político, etc. Outras explicam tudo pelo biológico, ignorando o psíquico, o espiritual, etc. A ideologia de Olavo explica tudo pelo comunismo. Assim, se um partido de orientação socialista usa o capitalismo como política econômica capitalista, nunca é possível que o mesmo possa ter mudado - mesmo que apenas acidentalmente ; ele visa, necessariamente, o comunismo; se um capitalista financia governos socialistas, necessariamente ele quer socialismo, nunca pode estar visando pura e simplesmente o lucro. Um comunista pode usar o capitalismo para promover o comunismo.- Aliás não é isso que ele alega sobre os metacapitalistas quando diz que os mesmos já não visam o livre mercado mas sim o socialismo? - Porém, se uma empresa capitalista se associa a um governo socialista ela não pode, jamais, fazer isso por razões capitalistas, por lucro, etc. Não: ela tem que estar visando o comunismo. A insanidade fica ainda mais clara quando se compreende a maneira como os discípulos de Olavo entendem o Foro de São Paulo: acreditam que o mesmo tem plena liberdade de ação como se pudessem ignorar o poder do capital internacional. Não é com a estrutura de poder na América Latina que os países do Foro se sustentam; a Venezuela se sustém, por exemplo, com a venda de seu petróleo para o mercado global - sobretudo para os EUA. O pólo do poder não está aqui : no máximo o que o Foro consegue fazer é uma ação aqui e acolá independente mas, no geral, os governos ligados ao Foro dependem do mercado global, da ONU, dos membros da superclasse e do dólar americano.
Em suma: a tese olavista é de que seja com o globalismo ocidental, seja com o bloco sino-russo, seja com o Islã (Quem assistiu as aulas de Olavo no COF sabe que ele qualifica o Islã também como comunismo!!!!) estaríamos rumando, necessariamente ao comunismo. Mais uma vez o adágio “tudo é comunismo” aparece como lugar comum básico da malta olavete.
E o capitalismo onde fica nisso se é que ele ainda existe? Ele não fica: para o Olavo não existe mais capitalismo; até mesmo o mais feroz capitalista, quando age em prol do lucro está visando o comunismo. Não custa lembrar que, segundo Olavo, todo capitalista que vai para Xangai produzir mais barato está, no fundo, encantado com o comunismo. É assim que ele, explica, por exemplo os financiamentos que grande banqueiros e empresários deram, ao longo do século 20, aos países socialistas ou a movimentos socialistas: no fundo eles desejariam estimular o socialismo pois o mesmo traria um mundo de controle do mercado onde só as grandes empresas teriam lugar( pode parecer inusitado mas é isso mesmo que ele diz: até onde sabemos o socialismo visa, nada mais que acabar com o regime de empresa privada; cabe perguntar ao Olavo como nesse mundo futuro visualizado pelos megabanqueiros e empresários seria possível ir para o socialismo e ao mesmo tempo manter, indefinidamente, o setor privado de pé sem as naturais estatizações e coletivizações gerais almejadas pelos socialistas).
Racionalizar essa alegação é impossível dada sua incompreensibilidade. Mas, na lógica de Olavo ela é perfeitamente factível. Entretanto a lógica segue outras vias: a da não contradição. Olavo, contudo, não costuma dar muito valor a lógica: o que agora é depois pode não ser mais. Foi assim por exemplo com o seu repudio ao PSDB em 2006 e seu apoio em 2014(Como relatado aqui).
Para que o leitor entenda onde queremos ir: Eles - estes empresários capitalistas que vão a Xangai fazer negócios e que apoiam movimentos socialistas - não adoram o socialismo: só estão lá para arrumar grana. O projeto de monopolização do mercado é o projeto deles? Sim mas articulado a NOM (aquilo que Olavo considera o globalismo ocidental) que é no fundo, um projeto das elites capitalistas, bafejadas pela ideologia do politicamente correto. Usam o socialismo para implementarem nele as reformas liberais de que tanto precisam. Não é o pólo político dos países socialistas que estão no controle do processo global, mas sim o empresariado, a superclasse global e, em suma, EUA e Europa, bases dessa super classe. E aqui estamos no terreno central do erro do Olavo e seus alunos: não são os empresários que são fãs do socialismo é o socialismo que precisa se capitalizar. Então quem está na mão de quem? Então, estamos rumando para onde? Para o socialismo? Pense e responda você mesmo caro leitor.
#Rafael Queiroz
ESTUPROU!
ResponderExcluir"não são os empresários que são fãs do socialismo é o socialismo que precisa se capitalizar".
BOOOM
a propósito, o olavo citou dois papas de antes da descoberta do talmud pelo papado para dizer que vc n é catolico.
seguindo o raciocínio do olavo na frança não tem católico algum KKKKKKK
Ele esqueceu de citar que São Simão de Trento foi canonizado justamente por ter sido objeto de assassinato ritual judaico. Se não podemos levantar esta acusação então por que a Igreja canonizou o menino em cima disso?
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