O velho conto de fadas de João e o Pé de Feijão nos oferece uma imagem simbólica interessante para avaliarmos certas verdades do nosso tempo.
O pequeno João, fraco e indefeso frente ao gigante que habita as alturas do Pé de Feijão; imaginem o medo, a insegurança e a vulnerabilidade do garoto frente à tão monstruosa criatura. A mesma vulnerabilidade experimenta hoje o homem moderno frente a duas outras feras: o Estado e o Grande Capital.
Falemos primeiro do segundo tão lembrado pela esquerda (ao menos no século passado) e tão esquecido por uma direita tola. O Grande Capital, como um polvo gigante que estende seus tentáculos por toda a parte, reduz os homens a escravos, ceifa vidas, destrói a Criação, soterra culturas e costumes tradicionais. Vale tudo desde que dê lucro. Lucro! Eficiência! Produtividade! Moralidade? Dignidade Humana? Meio-Ambiente? Isso é papo de comunista dizem os arautos do Tio Patinhas, como capatazes defendendo o patrão que paga seus salários.
Do outro lado temos o Estado, um grande paquiderme, que com seu aparato repressivo e seu corpo de técnicos e burocratas que tolhe a liberdade dos indivíduos querendo regular cada centímetro de sua vida segundo a arbitrariedade das mentes "iluminadas". Os horrores do comunismo e do nazismo já mostram de forma suficientemente clara a tirania de um Estado inchado; a literatura de ficção também desenvolveu bem esse pesadelo com 1984, Admirável Mundo Novo entre outros.
O conflito entre direita-esquerda se resume na patética estratégia de buscar a proteção de um desses monstruosos gigantes contra o outro. A esquerda quer usar o Estado para frear o Grande Capital; já a direita prefere buscar refúgio no Grande Capital contra o Estado.
Tolas pretensões! O que vemos em nosso tempo é que os gigantes se dão as mãos, se aliam para oprimir o pobre homem comum. Os homens que detém o grande capital são os mesmos responsáveis por controlar o gigantesco aparato técnico-estatal; eis em resumo a essência do bloco globalista novordista.
E frente a estes dois gigantes aí está o homem comum: fraco e indefeso. Outra historia de gigantes, essa fora do terreno da ficção, nos revela um caminho: como o pequeno Davi diante de Golias, agora só resta ao homem clamar a Deus. E Deus escuta! A Igreja que Ele instituiu ainda grita em defesa dos pequeninos, ainda tem a coragem de denunciar os desmandados do Grande Capital e o perigo do um Estado agigantado. Mas, é como uma ''voz que clama no deserto'', solenemente ignorada sob acusações de ''comunista''; ''opressora'' e ''obscurantista''.
Longe de meras teorias abstratas, o que esse texto procura oferecer ao pequeno João são indicações práticas e concretas: não caia na lábia dos monstros a direita e a esquerda, não entregue sua segurança nas mãos de uma suposta lógica da mão-invisível, tampouco em um corpo de burocratas anônimos e sombrios. O mercado precisa ser controlado, e tal controle deve ser feito pelo indivíduo associado de seus irmãos em associações locais.
A começar por uma família forte e patriarcal, seguida pela união destas famílias a fundar escolas, associações de caridade, sindicados e guildas, instituições culturais e etc. Eis a aplicação prática do principio de subsidiariedade.
Famílias, Associações Locais e Regionais, maior poder aos Estados e Municípios, menor poder a União (e a ONU) ao mesmo tempo um racional controle e limite sobre o poderio econômico. Aí está a estratégia para sobreviver ao ataque dos gigantes. Entre um socialismo estatal e um capitalismo neoliberal, nada melhor que o velho provincialismo feudal.
#Edmundo Noir
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