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» » » A Função Civilizacional dos Preconceitos

Os homens vivem numa certa ignorância natural: não podem por si, enquanto indivíduos, abarcar tudo o que a civilização precisa saber para existir. Deste modo os preconceitos - que nada mais são que os conceitos herdados da tradição consolidada - operam como meios poderosos de socialização e racionalização do homem médio: por meio deles os homens entram em contato com as idéias que sustentam uma comunidade humana sem a necessidade de entender perfeitamente todo seu alcance ou sentido. Os conceitos em que se sustenta uma civilização são sempre obra de uma elite que descortina e produz conhecimento. É natural que somente esta elite seja capaz de compreender o significado deles. Aqui não falamos de uma elite econômica ou política mas daquela que, podendo ser econômica ou política, exerce um papel de orientação cultural da civilização , daquela que forja a mente dos povos.

O homem pós moderno busca se livrar dos preconceito; isso nada mais é que uma tentativa de se ver livre das tradições consolidadas abrindo espaço para a liberação total dos costumes e para a destruição da civilização. Estamos diante do homem tribal que rejeita qualquer lei ou ordem. A luta contra os preconceitos é a luta contra a necessidade de qualificar e distinguir isso daquilo e de valorar o mais excelente em relação ao menos. Evidente que nem todos os preconceitos são sadios ou verdadeiros; há civilizações e civilizações. O preconceito comum entre os índios do Brasil Colônia sobre o canibalismo – que eles encaravam como meio de obter o poder e virtude do guerreiro ou inimigo devorado – é um exemplo disso: embora mantivesse a coesão tribal mobilizando-a na luta contra o inimigo e pela sobrevivência, significava um costume bárbaro que deveria ceder lugar diante de um organização civilizacional superior. Foi o que se deu quando os europeus aqui se instalaram e instituíram a religião cristã entre as populações nativas: substituíram um preconceito bárbaro por um civilizado e cristão qual seja o do respeito a vida humana como imagem de Deus. O conceito teológico de homem como imagem de Deus certamente escapava dos nativos. Mas a medida que ele se exteriorizava através da pregação dos padres e missionários e nas instituições que eram criadas pelos colonizadores , acabou virando uma espécie de forma mentis coletiva subjacente ao indivíduo.

A visão racionalista – diretamente responsável pela luta contra os preconceitos – compreende que cada indivíduo é capaz de, por si só, fazer o exame de todas as crenças e submetê-las ao seu juízo. Isto constitui mesmo a base conceitual do iluminismo; dizia Kant que cada um deveria se servir exclusivamente de sua razão , sem apelar a autoridade da religião , tradição , etc . A visão kantiana–iluminista se fundava num amplo otimismo sobre o homem, seja sobre suas capacidades racionais, seja sobre a bondade da natureza humana. Iluministas acreditam que todos os homens tem capacidades iguais e que todos nascem bons sem nenhuma desordem.

Na verdade o iluminismo é uma grande farsa. Basta analisarmos o homem em sua condição histórica. O iluminista esquece disso e olha a razão humana apenas de um ponto de vista idealista, olha para a razão apenas em seu sentido geral sem levar em conta as condições concretas que podem tolhê-la ou estimulá-la, que fazem de uns mais inteligentes que outros e portanto mais capazes de resolver problemas que outros. Embora todos os seres humanos sejam racionais em potência, quanto ao ato, essa racionalidade não existe no mesmo grau em todos os homens. Assim todos os homens tem potencial muscular mas nem todos desenvolvem a musculatura e outros a desenvolvem mas nunca no mesmo grau. Em suma, apesar de haver um certa igualdade entre os homens enquanto dotados da mesma natureza, existe uma desigualdade que é decorrente da atualização dessa mesma natureza em cada um. Cada homem individual está em um grau de saber e virtude diferente.

Onde queremos chegar ? É bem simples: para a humanidade é uma lei que muitos dependam de poucos; e esses poucos são os que possuem em maior grau o saber e a capacidade de ordenar. As civilizações não avançam sem essas minorias. Essas minorais são criadoras de leis, instituições, são as custodiadoras dos valores que impregnam a cultura de um civilização. A maioria menos capaz resta assimilar o que a minoria realizou de superior. Foi isso que durante os séculos de formação do ocidente cristão se deu : a minoria (o clero católico) forjou as bases de nossa cultura. A maioria (nobres e servos) assimilaram as verdades e preceitos transformando-os em tradição. As gerações seguintes herdaram esse legado como um patrimônio sagrado. Mas quando os iluministas pretenderam levar a discussão esse patrimônio sagrado, através da critica racional a sociedade do antigo regime e das suas bases teológicas e históricas, abriram–se os tempos revolucionários e o mundo, combalido pelo culto da razão humana apartada da história, entrou num torvelinho de revoluções sem fim que ameaçam destruir todos os elementos civilizacionais.

Entendamos: a luta contra os preconceitos é a luta da razão abstrata e igualitária contra a razão histórico-tradicionalista que nos ensina que, em face da desordem que acomete a natureza humana, não podemos confiar no pensamento individualista que se põe a julgar o passado em nome do presente, do futuro ou do progresso da humanidade visto como liberação do passado. O passado constitui uma lição para as gerações futuras não podendo ser ignorado. Ignorar o passado e querer se ver livre dos preconceitos é apostar no escuro. Pretender refundar a civilização humana na ausência de critérios – que é em suma a luta da atual idéia de combate aos preconceitos – é construir em cima de nuvens e de vento, ou seja, caminhar para o mais absoluto niilismo. Como as sociedades humanas precisam de um poder que as organize o que restará é apenas a lei do mais forte: sem os preconceitos a moderar as ações do poder político pelo respeito sagrado a sabedoria do passado, restará apenas a capacidade de quem tem dinheiro e meios de formar a opinião da maioria como bem quiser, de acordo com seus interesses mais imediatos. O fim dos preconceitos abre a via para a dominação de uma nova elite, essa sim mais inescrupulosa que todas as outras que já existiram, pois sem nenhum critério moral absoluto a lhe moderar os apetites de poder. Sem preconceitos não há limites morais e sem limites morais tudo é permitido.

Como bem diz Blaise Pascal em sua obra "Pensamentos", no nº 331, os princípios da vida política foram criados para moderar a depravação e loucura dos homens
Platão e Aristóteles escreveram sobre política para pôr ordem em um hospício... sabiam que os loucos a quem falavam julgavam-se reis e imperadores, entravam nos princípios para moderar sua loucura na medida do possível.
Sobre isso cabe atentarmos para as sábias palavras de Russel Kirk sobre a função dos preconceitos na vida da civilização:
(...) todos possuímos preconceitos. Isso nem é de todo uma desgraça. Alguns de nossos preconceitos são tolos e, talvez, perniciosos, mas outros são, simplesmente, as regras necessárias pelas quais vivemos.

"Pré-conceito" significa pré-julgamento: ou seja, decisões a que chegamos rapidamente sem ter de pesar muito as provas. Assim, se os "pré-conceitos" que temos são sensatos ou insensatos, dependerá das fontes de nossas crenças e de nossas preferências mais arraigadas.

É claro que uma pessoa pode nutrir preconceitos tolos a respeito do tom da pele ou dos cabelos de outro ser humano ou sobre a natureza de sua religião. Mas também é verdade, como escreveu Edmund Burke (1729-1797), que por um sábio preconceito a virtude se torne hábito.

Dessa maneira, povos de inclinações saudáveis e de instrução moral decente alimentam um preconceito a respeito do assassinato. Quando ouvimos que foi cometido um homicídio, reagimos a partir de nossos pré-conceitos -- e é justo que o façamos. Não perguntamos se o homem assassinado era bom ou se o assassino tinha boas maneiras, ou (supondo que sintamos como se estivéssemos desferindo o derradeiro golpe) podemos conseguir escapar sem sermos notados. Diferente da personagem principal do romance de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), "O Idiota", não pesamos racionalmente os aspectos benéficos e nocivos de um determinado assassinato para então decidir se iremos eliminar outra vida humana.

Ao contrário, simplesmente obedecemos ao mandamento "Não matarás", caso sejamos pessoas normais. Ao tomarmos conhecimento de um assassinato, decidimos que independente das circunstâncias particulares, o assassinato é mau e que a justiça deve ser feita. Um preconceito sensato, adquirido desde cedo na vida, nos informa que o assassinato é algo proibido e que não deve ser tolerado por sentimentalismos.

Igualmente, somos capazes de manter uma decente ordem social civil porque a maioria de nós age com base em sábios preconceitos sobre roubo, crueldade e fraude. Não temos de titubear e tentar ponderar as possíveis perdas e ganhos que encerram atividades como a trapaça ou o espancamento do próximo. Se somos bons, a maioria das pessoas é boa por ter hábitos morais. Não temos de realizar uma espécie de cálculo todas as vezes em que somos compelidos a tomar uma decisão moral.

Instilamos, deliberadamente, preconceitos desejáveis desde o início da vida -- por exemplo, no ato de dar umas palmadas caso nossos meninos persistam em chutar as canelas de outros meninos. Pais prudentes, de modo acertado, criam suas crianças com preconceitos a respeito de pequenos furtos em lojas, de estilhaçar janelas e de atormentar os cães. Não ensinam aos seus rebentos a perguntar: "Será que alguém vai me assistir torturando aquele cãozinho?"ou "Não seria mais divertido que perigoso dar um jato d'água na Sally?"

Permitam-me acrescentar que pais saudáveis também tentam manter os filhos livres de falsos preconceitos. É uma questão de discriminação precoce, mas criar alguém completamente sem preconceito é educar de modo indeciso e totalmente imoral. Não é errado ser preconceituoso com trapaceiros, mentirosos, fanáticos e demagogos.
#Rafael Queiroz 

Legião da Santa Cruz

A Legião da Santa Cruz é uma associação cultural e cívica que reúne em suas fileiras pessoas comprometidas com a restauração do legado Católico da nossa pátria, que há muito tempo se diluiu em doutrinas estranhas as raízes que a formaram, e que hoje está submersa nas trevas da imoralidade e da perversão. Nosso objetivo é construir um verdadeiro front de resistência Católica, que inclua desde um vasto trabalho intelectual e informativo até uma plataforma política própria que possa representar e dar primazia a identidade profunda do Brasil e sua Fé.
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